domingo, 10 de maio de 2009

há sempre alguém que morre para alguém se guindar na vida

O homem que matou Liberty Valance

Se bem estamos lembrados, o homem que matou Liberty Valance, não foi o homem que matou Liberty Valance. E no entanto foi ele que chegou a senador. E o verdadeiro, o que matou Liberty Valance, acabou por nunca sair da sombra de um quotidiano anódino. É um western de 1962, dirigido por John Ford, que vale a pena rever. Porque a moral da história é a seguinte: há sempre alguém que mata e há sempre alguém que morre para alguém se guindar na vida. De alguma maneira, é o que se está a passar, com o darwinismo social a tomar o freio nos dentes e a eliminar os maus da fita. Só que agora o mau da fita não é o Lee Marvin são milhões, que o capitalismo está a classificar como foras-da-lei. É verdade que o senador saiu de cena a 20 de Janeiro, mas o autor dos disparos mantém-se vivo e, quem sabe, acabará por morrer de velho e nunca ir a julgamento. Pelo menos continua a ser considerado um homem de bem entre os frequentadores do saloon.

Cipriano Justo 8 de Maio de 2009

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